Sinopse:
Esta é a história comovente de Zezé, um menino de seis anos nascido no seio de uma família muito pobre. Zezé é inteligente, sensível e criativo, mas muito endiabrado. Carente do afeto que não encontra junto do pai e da mãe, mais preocupados em sobreviver a cada dia, o menino perde-se nas ruas, onde só lhe dá para inventar travessuras.
Tendo aprendido demasiado cedo a dor e a tristeza, Zezé acaba por usar o mundo da sua imaginação para fugir da realidade da vida: toma por confidente um pé de laranja lima, a que chama Xururuca e ao qual revela os seus sonhos e desejos. Será nesta fantasia que Zezé vai encontrar a alegria de viver e a força para vencer as suas adversidades.
O Meu Pé de Laranja Lima é a obra maior de José Mauro de Vasconcelos, um dos grandes nomes da literatura brasileira. Um livro que urge descobrir, ou reencontrar, e que é aclamado como um dos mais importantes livros juvenis em língua portuguesa.
Opinião:
Esta é a primeira publicação de um desafio que coloquei a mim própria este ano: ler os clássicos da literatura infanto-juvenil. Foi um começo ternurento mas também muito amargo... chorei imenso nos últimos capítulos!
Tenho uma vaga ideia de ter visto a adaptação desta obra numa novela ou série brasileira, mas não me lembrava de nada. Até às primeiras cento e poucas páginas, pensei "não está a convencer-me", mas felizmente, não abandonei a tarefa, porque este é daqueles livros que presenteiam quem não desiste da sua leitura. De repente, dei por mim super afeiçoada ao Zezé, uma criança cheia de inteligência, sensibilidade e imaginação, nascida no seio de uma família pobre, onde a dureza da vida não dá lugar aos afectos. Ri-me com as suas diabruras, senti admiração pelo seu engenho e imensa compaixão perante a sua condição miserável. Fiquei apaixonada pela amizade que surgiu entre ele e o "portuga" e ia morrendo de desgosto com o final... Que vontade de abraçar e dar conforto àquele "pirralho"... Ninguém deveria conhecer tão cedo as agruras da vida.
O livro é autobiográfico, e embora a escrita seja simples, a sua carga emocional é enorme, conferindo-lhe imenso valor. José Mauro de Vasconcelos contava que não queria ser escritor, mas foi obrigado a sê-lo porque tinha que colocar para fora as suas emoções, as suas experiências de vida. Um exercício muito bem conseguido!
Passagem favorita:
Não podia deixar de pensar nele. Agora sabia mesmo o que era a dor. Dor não era apanhar de desmaiar. Não era cortar o pé com caco de vidro e levar pontos na farmácia. Dor era aquilo, que doía o coração todinho, que a gente tinha que morrer com ela, sem poder contar para ninguém o segredo. Dor que dava desânimo nos braços, na cabeça, até na vontade de virar a cabeça no travesseiro.
Recomendo!
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PNL 3º ciclo |