Sinopse:
Um livro essencial que se foca numa das mais prementes e disseminadas questões educativas dos dias de hoje: os efeitos da superestimulação (excesso de tecnologia, excesso de actividades extraescolares) no desenvolvimento infantil: a apatia das crianças, a falta de interesse por tudo (desde a escola à própria brincadeira).
Como motivar crianças que não sabem sequer brincar, estudar, conversar, ouvir – ou esperar.
Por que temos cada vez mais crianças impacientes e agitadas? Crianças que perguntam: «A que brinco agora?» e que dizem, com o quarto repleto de brinquedos: «Não tenho nada para fazer!…»
Catherine L’Ecuyer, investigadora sobre educação, explica neste livro que o exagero dos estímulos externos, sobretudo visuais, mesmo nos métodos de ensino, nas escolas, está a ‘matar’ o instinto de curiosidade dos miúdos, aquilo que os leva a descobrir o mundo.
A criança acomoda-se e deixa de ter a capacidade de se encantar e espantar.
Em alguns casos, a sua dependência da superestimulação fará com que procure sensações cada vez mais fortes, com as quais também se acostumará, o que a levará a uma situação de apatia permanente e de falta de desejo.
Opinião:
Nos tempos que correm, há uma preocupação que bate à porta de quase todos os pais: o acesso precoce dos nossos filhos a computadores, telemóveis e tablets. Seja porque os próprios pais estão muitas vezes viciados nestes aparelhos (passando naturalmente esse vício aos filhos), seja porque a falta de tempo para realizar as tarefas domésticas nos leva a confiar os miúdos a estes aparelhos só para que estejam sossegados e nos deixem fazer o que é preciso, a verdade é que o excesso de tecnologia está a prejudicar o natural desenvolvimento dos mais pequenos.
A autora questiona: porque existem hoje tantas crianças com transtornos psicológicos? Porque está o tempo de concentração e de atenção das crianças cada vez mais curto? Porque dizem os avós que as crianças de hoje são tão diferentes das de antigamente? O livro vem debater esta questão e lançar a única receita que, excepção à regra, se deve aplicar a todos: a redução do tempo de exposição à tecnologia, um dos principais motivos da superestimulação a que os miúdos estão sujeitos, o que, segundo a autora, leva à apatia e à falta de desejo. Catherine L’Ecuyer alerta para a necessidade de recuperar "o respeito pela essência da infância - pelos seus ritmos, a sua inocência e o seu sentido de mistério".
Sublinha-se que o mais importante é fomentar a brincadeira livre, o contacto com natureza e o saber estar em silêncio. Mas para isso, é preciso tempo, o que me leva, como sempre, a questionar a sociedade. Isto é tudo muito bonito e acertado, mas com o peso excessivo do trabalho na vida de todos nós, torna-se difícil cumprir uma tarefa na verdade tão simples.
Uma curiosidade: os responsáveis pelas empresas tecnológicas multinacionais em Silicon Valley colocarm os filhos em colégios que não utilizam as tecnologias nas salas de aula. Trabalham no eBay, na Google, na Apple , na Yahoo e na Hewlett-Packard, mas os seus filhos não usam o google, escrevem à moda antiga (com lápis e papel) e têm salas equipadas com... quadros de ardósia! Aqui fica uma passagem do livro sobre este assunto:
O computador impede o pensamento crítico, desumaniza a aprendizagem, a interacção humana e diminui o tempo de atenção dos alunos. Um dos pais, o Sr. Eagle, formado em tecnologia e quadro do departamento de Comunicação Executiva da Google diz "A minha filha, que está no quinto ano, não sabe como usar o Google, e o meu filho, que está no oitavo, está a começar a aprender. A tecnologia tem o seu tempo e o seu lugar. É super fácil. É como aprender a usar a pasta de dentes. No Google e em todos esses sites, fazemos a tecnologia tão fácil que qualquer pessoa a pode usar. Não há razão para que as crianças não possam aprendê-la quando forem mais velhas!".