Thursday, November 24, 2016

Delicioso bizarro: contos e outras histórias #2 CR 80

Acabada de sair da universidade, a Raquel transbordava entusiasmo, mal podendo esperar por entrar no mercado de trabalho. Por ter sido excelente aluna, depressa conseguiu lugar numa das melhores empresas do país.

Desejosa por mostrar o seu valor, cumpria todo o serviço com imensa rapidez e perfeição. Ajudava os colegas sempre que podia, oferecia-se para fazer horas extraordinárias e nunca faltava ou chegava atrasada. Assim, depressa se tornou querida por todos.

A chefe, sabendo que tinha finalmente uma funcionária com a qual podia contar, foi delegando na Raquel todo o tipo de empreitadas. Contente com o voto de confiança, a rapariga esforçava-se como ninguém e tudo fazia para não desapontar. Até que o trabalho começou a chegar em demasia, sendo humanamente impossível de cumprir.

"Ainda não fez o que lhe mandei? Porquê?"; "Isto já devia estar pronto há uma semana"; "Eu não lhe disse que era urgente"?.

E enquanto a Raquel, afogada em tarefas, quase tinha um esgotamento, vários colegas passeavam pelo escritório, comentando a actualidade, o último derby ou queimando horas ao telefone com a família.

Cinco anos depois, a Raquel estava profundamente envelhecida. O cansaço era tal que a eficiência de outros tempos havia há muito desaparecido. Um dia, porque o stress do trabalho andava a afectar-lhe o sono, pediu para sair mais cedo, coisa que nunca acontecera. Mas era o seu dia de estar no atendimento ao público e por isso tinha de ser substituída. "Fale com os seus colegas", cuspiu a chefe. E as respostas não tardaram: "Não posso, tenho um papel para fazer"; "A Dra. Ana não me quer no atendimento"; "Estou doente"; "Também vou sair mais cedo"; "Não me pagam para isto"; "Tenho muito trabalho". 

Sem ninguém para substituí-la, não teve outra hipótese senão dirigir-se ao balcão.

Mas a Raquel, já não era a Raquel. E quando alguém lhe perguntou a que horas encerravam, ficou a contemplar o vazio. A pergunta ouviu-se de novo, mas o fenómeno já estava em curso. Uma força desconhecida começou a sugar a Raquel cirurgicamente na zona do coração, um buraco negro que se abria e crescia, engolindo primeiro a rapariga e depois a loja com os respectivos clientes, alastrando ainda a todo o edifício. Quando parecia que iria devorar tudo à sua volta, o acontecimento cessou, ficando circunscrito ao local onde antes se encontrava a empresa.

As autoridades registaram a ocorrência e a zona foi invadida por astrónomos, matemáticos e toda a espécie de curiosos. Mais tarde, devidamente estudado e catalogado, depressa deixou de ser novidade. Colocaram-se então protecções nos seus limites, e passou este poço sem fundo a ser local de peregrinação de homens e mulheres zangados com os seus amores, que largavam no abismo fotografias, anéis e qualquer outro objecto que guardasse as memórias que queriam esquecer.

Thursday, November 10, 2016

João e o pé de feijão

Em Novembro, destacam-se os contos tradicionais na sala infantil. Plantei um feijão e nasceu um feijoeiro mágico!




Já que estamos numa de atrasos...

... aproveito também para publicar o destaque do mês dedicado à música. Modéstia à parte, o meu pianinho, feito em cartão, ficou um mimo!





Halloween!

Por lapso, esqueci-me de partilhar as decorações de Halloween cá da chafarica. Ainda que com grande atraso, cá estão elas:

A minha obra mais amada... já tinha visto isto há anos no pinterest e estava mortinha para tentar!

Aragog :)

O cantinho do prof. Snape

Sou tão potterhead...

Um leitor é sempre um leitor, mesmo morto!

O boneco construído para a actividade "O monstro das cores" foi reaproveitado!

Leituras de arrepiar...


Gostaram?

Wednesday, November 9, 2016

As histórias de terror do navio negro / Chris Priestley; il. David Roberts

Sinopse:

Na Velha Estalagem, sobre um mar tempestuoso, Ethan e Cathy esperam a chegada do pai. Entretanto, um marinheiro aparece em busca de abrigo.

Começa, assim, uma longa noite de histórias aterradoras… há algo neste homem que inquieta Ethan e Cath, mas não sabem o que poderá ser.

É então que o amanhecer abre os olhos das crianças para uma realidade ainda mais chocante e angustiante do que a das histórias que acabaram de ouvir.

Um livro assustador. Terás coragem para o ler?

Opinião:

Não é mau, mas está longe de ser um espanto. Acredito que possa ser apreciado por rapazes entre os 10 e os 13 anos, sobretudo se vibram perante histórias de piratas e marinheiros com algum macabro à mistura. A meu gosto, só a ilustração, em estilo gótico. De qualquer forma, não foi o que estava à espera, pelo que continuo à procura de um livro que, de facto, me dê arrepios. Aceito sugestões.